ALMOFALA
DOS TREMEMBÉ
Segundo os estudiosos da lexicografia, a palavra Almofala é portuguesa, de
procedência árabe - Al mohala - que significa aldeola e lugar onde se mora
durante algum tempo.
O dicionarista Aurélio Buarque igualmente dá à Almofala o significado de
acampamento, arraial, etc.
LOCALIZAÇÂO
A histórica povoação de Almofala, que pertence à jurisdição do município de
Itarema, do Estado do Ceará, está localizada à margem esquerda do rio
Aracati-mirim, perto de sua foz e dois quilômetros distante do oceano. Dista 12
quilômetros da cidade de Itarema e 220 quilômetros de Fortaleza.
POVOADORES
Relativamente à procedência da gente que formou e veio povoando Almofala,
afora os índios Tremembé, tem-se informação de que, entre os estrangeiros que,
aí pela primeira metade do século XVIII, desembarcaram na costa acarauense e
aqui fixaram residência, um bom número deles se instalou naquele famoso povoado
e localidades adjacentes.
Francisco Ewerton afirma, com sua reconhecida autoridade no assunto, que entre
as ribeiras do Aracati-mirim, a cuja margem ocidental está situada Almofala, e
do Acaraú, em que demora essa cidade, se estabeleceram diversos colonos
portugueses, mais ou menos no meado do século XVIII.
A CAPELINHA DE 1702
Como é sabido, a escultura da Virgem Aparecida,
Padroeira do Brasil, que em 1717 foi encontrada por três pescadores, nas águas
do Rio Paraíba, em São Paulo, é feita de cerâmica, de cor castanho escuro, e
mede 39 cm. Pois bem, conta-se que uma imagem de Nossa
Senhora da Conceição, Padroeira de Almofala, também foi encontrada na praia,
por índios daquela tribo, que estavam pescando, e que ficaram maravilhados. Um
deles guardou a pequena escultura em sua oca, com cuidado e veneração.No dia seguinte, porem, a santinha havia desaparecido. E depois de um dia de
buscas, foram encontrá-la, de pé, na areia de Almofala, a meio quilômetro do
mar. Nunca se soube quem ali a pusera. Os índios viram na estranha ocorrência uma intervenção do Além; fizeram
ali mesmo uma palhoça sobre a pequena imagem que passaram a venerar.

O operoso sacerdote prosseguiu em seu trabalho
de evangelização, mas somente dez anos depois, a 19 de outubro de 1712,
procedeu ele a bênção e a inauguração do humilde templo, o qual consoante
assevera a tradição, era feita de taipa e coberta de palha, de coqueiro,
provavelmente.
Pelo menos foi essa data - XIX-X-XII - que o
saudoso sacerdote poeta acarauense, Padre Antônio Tomás, em 1892, viu uma
inscrição gravada na pedra de uma das portadas internas, perfeitamente visível.
RECONSTRUÇÃO DA CAPELA
Presumivelmente, nove lustros mais tarde foi
essa igrejinha reconstruída de alvenaria. Entretanto, parece que o arquiteto
que a reedificando gravou na portada mencionada pelo Pe. Antônio Tomás, não a
data do término dessa reconstrução, mas o dia inaugural da primitiva capelinha
de taipa do Pe. Novais.
O Arguto e paciente historiador Antônio
Bezerra, que ali esteve em 1884, assim se expressa sobre o formoso templo
setentista: " No meio do espaço compreendido entre as duas ruas, do lado
leste, fica a igrejinha, um mimo de arquitetura, que a Rainha de Portugal, D.
Maria I, mandou edificar, para os Índios Tremembé. É diferente de todas que se
encontram na Província, no gosto e na construção. Quem a visita não pode deixar
de reconhecer em tudo o cunho das obras dos Jesuítas; sua perspectiva lembra os
velhos templos de Portugal”.
O desembargador Álvaro de Alencar, renomado
historiador cearense confirmando Antônio Bezerra, alude à Almofala e sua igreja
da seguinte maneira:
“Ao lado fica a igrejinha, bela arquitetura
que a Rainha D. Maria I, de Portugal, mandou edificar para os índios Tremembé.
É diferente de todas as outras do Ceará”.
Todavia, não obstante essas afirmativas de que
a linda capela de Nossa Sra. da Conceição de Almofala foi construída por
determinação de D. Maria I, de Portugal, o Pe Antônio Tomás, autor de um
substancioso e aprimorado estudo sobre aquela povoação e sua vetusta igrejinha,
“inclina-se a aceitar a tradição legada por alguns velhos moradores do povoado,
aos seus descendentes, de haver sido ela construída a expensas da irmandade de
N. S. da Conceição, anteriormente ali ereta sob os auspícios dos padres que
então dirigiram aquela missão”.
O poeta José Alcides Pinto corrobora:“Mas se sabe contudo,
Que seu material
Veio da Bahia
Por via naval.
E que aqui chegando
Seguia depois
Para o lugar da obra em carros-de-bois”.
Consta que o forro da capela, bem como o piso da
nave central eram de cedro, vindo igualmente da Bahia.entre esses matérias
figuram as telhas de 80 cm de comprimento, que se quebraram quase todas, quando
o teto desmoronou, e os tijolos que ainda lá estão, pesando 8 a 9 quilos cada
um.
Tomando-se por base a informação dom saudoso historiador cearense, de que os
matérias empregados na edificação da igrejinha, foram transportados nos barcos
que aqui vinham carregados de carne-seca, a mesma deve ter sido levantada na
segunda metade do séc XVII, porque as indústrias das charqueadas, no município
de Acaraú, teve inicio em 1745, e durou exatamente meia centúria, uma vez que
foi extinta quando veio a chamada seca-grande – 1790-1793 – talvez a mais
terrível calamidade climatérica que atingiu o Ceará, em todos os tempos.
Aludida seca dizimou os rebanhos, destruiu a lavoura, matou muita gente de
fome, abalou profundamente a economia cearense e acabou consequentemente, a
indústria da carne-seca.
A DUNA INVASORA
Todavia, 1897, a leste da capela, uma duna de enormes proporções começou a ser
desmontada, pelos ventos marinhos, arremessando, de mansinho, para as casa
vizinhas, uma areia fina que penetrava incessantemente, pelo teto, pelas
frinchas das portas, por toda parte.
Em principio do ano de 1898, quando Pe Antônio Tomás, então Vigário da Paróquia
de Acaraú, foi visitar aquela igrejinha, como bimestralmente o fazia, o morro
em referencia já tinha invadido algumas residências, e aproximava-se do templo.
O zeloso sacerdote apressou-se, então, em dar conhecimento do fato a Dom
Joaquim José Vieira, então Bispo da Diocese do Ceará, adiantando que a
integridade do prédio sagrado estava em sério perigo, e o problema se
apresentava sem solução possível.
Na verdade, será sempre um ato de quase loucura o homem tentar impedir a ação
da força cega dos elementos.
A CAPELA SOTERRADA
Efetivamente, a natureza prosseguiu em sua sinistra empreitada; aos açoites do
alísio vigoroso, persistente, inexorável, aluviões de areia salina, dia e
noite, iam caindo sobre a capela e sobre o povoado, com força de catástrofe,
com aparato de fatalidade, lançando a tristeza, o assombro e o desalento sobre
a comunidade indefesa.
E aquele pugilo de cristãos humildes e bons, acompanhou, desolado e compungido,
a agonia de sua querida capela que, pouco a pouco, ia submergindo naquele
oceano de areia tangida ao impulso implacável dos ventos marinhos. O povo
estava realmente assombrado, porque aquilo era, de fato, uma calamidade
abracadabrante, pavorosa e humanamente inevitável.
E dentro de pouco tempo, várias casas haviam sido soterradas; e da artística
igrejinha restava de fora apenas “a cruz de ferro da torre sineira, como
espetada no cocuruto da duna vencedora”, disse Gustavo Barroso. E como que
pedindo aos céus a exumação de templo sagrado, dizemos nós.
O culto e exímio poeta acarauense Rodrigues de Andrade, que visitou Almofala
naquela época, publicou no “Jornal do Ceará”, em 190, estes magníficos sonetos:
I
“Em frente a igreja de antiquado estilo,
Mas de elegante e sólida fachada,
Os casebres se alinham de um pugilo
De Tremembé e gente mestiçada
Mas de elegante e sólida fachada,
Os casebres se alinham de um pugilo
De Tremembé e gente mestiçada
Esgalha em torno a víride ramada
Do cajueiral, farto e seguro asilo
Das aves quando a ventania irada
No coqueiral desfere alto sibilo.
Do cajueiral, farto e seguro asilo
Das aves quando a ventania irada
No coqueiral desfere alto sibilo.
Perto um regato murmuro colêa,
Longe um lençol de movediça areia
Que o mar sacode, caminhando vem.
Ali, na sombra da ramagem fresca,
Vive esta gente aos reditos da pesca,
Feliz no Samba e às areias do Torém”.
II
“Soluça o mar embravecido perto,
Jogando a areia que raivoso arranca
Do rio, o mar tão calmo outrora; certo
Algum pesar o coração lhe tranca.
E o vento insufla tanto a areia branca,
Que hoje esta praia é um inóspito deserto
Onde o viajante nem a sede estanca;
Agora tudo desse areial coberto.
Somente a aldeia, o coqueiral, a igreja,
(e há quem no fato algum milagre veja)
Pois tudo acaba, mas a igreja não;
Que a duna passa, o vento escava a ogiva
E a torre exsurge para os céus altiva,
Como estranho sinal de exclamação”.
Longe um lençol de movediça areia
Que o mar sacode, caminhando vem.
Ali, na sombra da ramagem fresca,
Vive esta gente aos reditos da pesca,
Feliz no Samba e às areias do Torém”.
II
“Soluça o mar embravecido perto,
Jogando a areia que raivoso arranca
Do rio, o mar tão calmo outrora; certo
Algum pesar o coração lhe tranca.
E o vento insufla tanto a areia branca,
Que hoje esta praia é um inóspito deserto
Onde o viajante nem a sede estanca;
Agora tudo desse areial coberto.
Somente a aldeia, o coqueiral, a igreja,
(e há quem no fato algum milagre veja)
Pois tudo acaba, mas a igreja não;
Que a duna passa, o vento escava a ogiva
E a torre exsurge para os céus altiva,
Como estranho sinal de exclamação”.

Mas, apesar daquela deplorável situação, ao que nos consta, nenhuma família
dali se retirou definitivamente. Aqueles que fugiram “para longínquas paragens,
a cata de novos abrigos”, vez por outra ali voltavam, trazidos pela saudade,
para rever o querido local onde acontecera a mais estranha tragédia geológica
de que há memória nos anais da terra brasileira.
O amor do povo almofalense ao seu torrão nativo foi mais forte do que a
incerteza daquele aziago porvir.
Entretanto em 1941, a duna começou a ser retirada do povoado e da vetusta
capela, em rumo do Oeste.
Tão sorrateira e insistente como viera, a areia fina e salgada ia deixando a
localidade onde permanecera por mais de quatro decênios, ao sopro constante das
correntes eólicas.
Havia muita gente que rezava alto, chorando de alegria, ao ver a areia subir,
em rodopios, tomando novos rumos, ao sabor do vento.
E, como por prodígio do céu, decorridos 45 anos, isto é, no ano da graça de
1943, o grande morro arenoso dali havia se mudado, impelido pelo mesmo vento
que o trouxera, obedecendo a “ lei misteriosa e
caprichosa que rege a marcha das areias no litoral cearense”.
A histórica igrejinha ali estava, firme e bela, porque sua sólida estrutura
resistira admiravelmente á ação do tempo e ao peso da areia praieira que a
sepultura durante nove lustros.
Apenas o que era de madeira se tinha estragado e o que era de ferro havia sido
comido pela ferrugem. O velho sino de bronze, depois de quase meio século de
silêncio forçado, voltou a fazer ouvir sua voz solene e grave, chamando os
fiéis para as cerimônias do culto cristão. Ao mesmo tempo as casas que tinham
sido soterradas começavam a ser restauradas.
ALMOFALA NA POESIA
Como é natural, diversos poetas têm escrito poemas sobre Almofala e sua lendária igrejinha. O inspirado bardo acarauense, Francisco José Ferreira Gomes, em seu apreciado livro "Menino da Barra", dedicou-lhe esta linda poesia:
"Perdida nas areias brancas da praias do
Atlântico norte dorme Almofala dos Tremembé".
"Dorme com seu Templo branco e barroco que
as areias alvas da cor de suas paredes bisseculares
sepultaram por quarenta e poucos anos".
"Dorme, Almofala dos Tremembé,
com a tua Padroeira vindas das terras do Reino
no ano de mil setecentos e doze".
"Dorme, Almofala dos Tremembé,
ponto inicial de civilização da Ribeira do meu Acaraú.”
Do professor poeta José Alcides Pinto, "ser fantástico e total que cura a nossa febre com as palavras sagradas do poema", são essas primorosas quadras:
E para que o nativo tivesse pouso certo,
foi construída uma igreja no litoral deserto".
"Sobre a margem esquerda do Aracati-mirim
próximo ao mar que cerca e se acaba sem fim".
"Do rio tomou o nome qual foi plantado ao pé
essa missão reduto do índio Tremembé".
"Que logo se chamou povoação de Almofala
com o destino de ser lendária e legendária".
"A princípio a capela de palha era coberta
com esteios de barro e de taipa completa".
"Pouco tempo depois, segundo a tradição,
foi levantada uma igreja muito acima do chão".
"Certamente o mais belo templo do Ceará
desde o século 18 outro assim não terá"
De outro docente-poeta, o professor José Silva Novo, são estes bonitos louvores rimados:
"Ó Almofala de meus ancestrais
Ermas, perdidas no areial das praias,
Como é solene o canto das sereias,
Como é gostoso o canto das jandaias"
"A tua igrejinha em pedra tosca
É uma relíquia tão bem encravada
Que as dunas caminhantes a cobriram,
Mas depois a deixaram aí chantada"
"Mas muito bem chantada a beira mar,
Olhando o mar azul esverdeado
Com saudades dos tempos que se aforam.
O MAR - A PRAIA - OS COQUEIROS
Em, uivando e branindo, como feras na ânsia de sair da jaula pra a liberdade; outras vezes quase serenas rendilhadas de espuma luzidia, lembram sereias colossais, vestidas de maiôs de alvíssima cambraia, que vem se deitar na areia movediça daquela praia vasta, pitoresca e fascinante.
Aqui e acolá destaca-se no solo arenoso o alvacento perfil das dunas, de onde, aos constantes embates do vento que sopra do mar, se desprende uma areia fina que, em aluviões, sobe pelo espaço, e, geralmente, ruma para o ocidente, sem distanciar-se da orla marítima.
E um pouquinho além salienta-se a riqueza agrícola que produz aquele solo permeável e fecundo.
È a prodigiosa exuberância vegetal que se manifesta nas plantas frutíferas ali cultivadas por um povo de agricultores pacatos e amigos do trabalho; um povo que sabe fazer de sua profissão a verdadeira razão de ser de sua existência. E sabe tirar da terra o que a terra tema para dar.
Dominando os outros espécimes da flora agrícola, elevam-se dezenas de milhares de coqueiros, na pujança de seu caule perenemente erguido para o céu, com suas palmas viridentes sacudidas pelos alísios lembrando novos Briaréus, agitando no ar os braços cor de esmeralda.
Aqui e acolá destaca-se no solo arenoso o alvacento perfil das dunas, de onde, aos constantes embates do vento que sopra do mar, se desprende uma areia fina que, em aluviões, sobe pelo espaço, e, geralmente, ruma para o ocidente, sem distanciar-se da orla marítima.
E um pouquinho além salienta-se a riqueza agrícola que produz aquele solo permeável e fecundo.
È a prodigiosa exuberância vegetal que se manifesta nas plantas frutíferas ali cultivadas por um povo de agricultores pacatos e amigos do trabalho; um povo que sabe fazer de sua profissão a verdadeira razão de ser de sua existência. E sabe tirar da terra o que a terra tema para dar.
Dominando os outros espécimes da flora agrícola, elevam-se dezenas de milhares de coqueiros, na pujança de seu caule perenemente erguido para o céu, com suas palmas viridentes sacudidas pelos alísios lembrando novos Briaréus, agitando no ar os braços cor de esmeralda.
"Coqueiros prestáveis,
Garçons gigantescos,Com os ombros vergados de frutos,
Oferecendo refrescos",
Tal como disse o ilustrado sacerdote-poeta, Padre Osvaldo Chaves.
Os canaviais se ostentam pelos sítios, com seus pendões lourejantes, emprestando um novo colorido à paisagem e enriquecendo, ainda mais, aquelas paragens privilegiadas.
E, estendendo sobre o chão dadivoso um vasto tapete verde, feijoeiros, melancieiras, batateiras e outros, como que a completam a opulência e a beleza da lavoura naquela praia tão rica e tão encantadora.
Para o encanto maior daquelas bonitas paragens, revoadas de passarinhos enfeitam o ambiente, pousando nas árvores ou cruzando o espaço imensamente azul, numa festa de cores e gorjeios.
OS TREMEMBÉ
Povo nômade em perpetuo deslocamento, o território que senhoreavam ia até às
margens do Parnaíba, segundo uns, ou até a foz do Iguaçu , segundo outros.
Em profundidade, suas terras, abrangendo a vasta ribeira do Acaraú, chegavam à
Serra Grande.
Como variante desse topônimo, surgem as formas Teremembé, Taramembé, Tramaambé,
etc.
Aldeados em fins do século XVII, pelos Jesuítas, perto de Camocim (Theberge) e
nas praias Lençóis, Tutóia do Gentio,passaram, em 1702, para as margens do
Aracati-mirim, no município de Acaraú. Foi, aí, seu primeiro missionário o Pe
Borges de Novais, que, tendo iniciado os trabalhos apostólicos em 1702, faleceu
a 2 de dezembro de 1721.
Como sucedera por toda a parte, e em igual circunstancia, os recém chegados não
se adaptaram bem ao novo meio, fugindo uns para os Tabuleiros do Litoral e desertando
outros para a vizinha Capitania do Maranhão.
Sobre índole turbulenta desses índios, que viviam de preferência à beira do
mar, que era “a mais poderosa tribo do Ceará, que punha em perigo os próprios
navios que ali passavam de Portugal para o Maranhão”, segundo o biologista
acarauense, José Jarbas Studart Gurgel.
“Os Tremembé era hábeis nadadores; arremetiam a
nado os tubarões, e com um pau agudo que lhes encaixavam na goela adentro, os
traziam a terra e tiravam deles os dentes para flechas”.
Paulino Nogueira, historiador.
“Eram esse índios exímios pescadores marinhos e de robusta constituição, perlongando em toscas jangadas as praias, sem delas nunca se afastarem; e que eram realmente temíveis”.
Pompeu Sobrinho
“Valentes, corpulentos e temíveis, que não se deixavam domar facilmente”.
Raimundo Girão, escritor.
Paulino Nogueira, historiador.
“Eram esse índios exímios pescadores marinhos e de robusta constituição, perlongando em toscas jangadas as praias, sem delas nunca se afastarem; e que eram realmente temíveis”.
Pompeu Sobrinho
“Valentes, corpulentos e temíveis, que não se deixavam domar facilmente”.
Raimundo Girão, escritor.
É certo também que esses bugres nutriam manifesta aversão aos luso-brasileiros.
Tanto isto é verdade, que o Forte de Nossa Senhora do Rosário, construído por Jerônimo de Albuquerque, em 1613, na enseada de
Jericoacoara, para possibilitar ou facilitar a conquista do Maranhão, foi, mais
de uma vez, atacado por esses gentios brigões.
E em denuncia formulada a El- Rei de Portugal, em carta datada de abril de
1663, Ruy Vaz de Siqueira informou que um barco português se
dirigia a Camocim, para abastecer-se de água, e os Tremembé apoderaram-se dele
e mataram toda a sua tripulação.
No presente ano de 2019, a comunidade indígena Tremembé se fortalece e se organiza com a participação ativa de algumas lideranças. As figuras maiores da Etnia Tremembé são o Cacique João Venâncio e o Pajé Luiz caboclo, que também carregam o titulo de Mestre da Cultura.
SUAS ARMAS
Como armas os índios Tremembé empregavam a lança, o arco, a flecha, a clava e machados de pedra semilunares, de gume curvilíneo e base cônica, muito bem polidos e afiados. A confecção desses machados obedecia a um ritual realizado durante a lua crescente, pois acreditavam que combatendo com essas armas jamais seriam vencidos.
“Os Tremembé tinham o hábito de, no primeiro dia do novilúnio, todos os meses,
ficarem vigies a noite toda fazendo estes machados, não cessando enquanto não
estivessem perfeitos. Alimentavam a superstição de que, levando tais machados à
guerra, não seriam vencidos, antes arrebatariam aos inimigos a vitória.
Enquanto faziam esses machados, as mulheres, moças e crianças ficavam de fora
dos oiupoés, dançando e cantando sob a égide do crescente”.
Osvaldo de Oliveira Riedel
UNIÃO DOS ÍNDIOS

Referindo-se à união e à solidariedade dos indígenas dentro de suas tribos, assegura a escritora Lúcia Magalhães, que “nenhuma coisa própria tem que não seja comum, e o que tem há de partir com os outros, principalmente se são coisas de comer, das quais nenhuma guardam para o outro dia; nem cuida de entesourar riqueza”.
Igualmente, segundo reza a tradição oral, os Tremembé de Almofala, não obstante
sua inclinação hereditária para a desordem e pra o motim, mantinham uma boa
convivência no selo da maloca; reinava ali um autentico exemplo de unidade
fraterna. Terra, taba ou outros bens quaisquer pertenciam a todos em comum.
“Esta idéia está clara e viva na alma do índio e ele compreende a propriedade
comum como coisas inteiriça da qual porção alguma pode pertencer a um indivíduo
só”.
Von Martius
“Os Tremembé, meus índios misteriosos.
Das plagas de Almofala orgulhosos,
Onde dançavam mágico o Torém.
Meus Tremembé da terra acarauense,
De vós se orgulha o povo cearense
Pois mais que vós pujança ninguém tem.”
“A igreja que deixastes está intacta
Naquela aldeiazinha tão pacata
Onde a saudade apenas ali medra...
As montanhas de areia a perseguiram,
Mas mesmo assim jamais a destruíram,
Pois a fizestes linda, tosca em pedra.”
“A herança cultural da vossa raça
Ainda hoje na Almofala traça
Vestígios do folclore verdadeiro,
E nós pesquisadores lá corremos
E sempre moradia por lá temos
Daquele povo bom e hospitaleiro.”
Das plagas de Almofala orgulhosos,
Onde dançavam mágico o Torém.
Meus Tremembé da terra acarauense,
De vós se orgulha o povo cearense
Pois mais que vós pujança ninguém tem.”
“A igreja que deixastes está intacta
Naquela aldeiazinha tão pacata
Onde a saudade apenas ali medra...
As montanhas de areia a perseguiram,
Mas mesmo assim jamais a destruíram,
Pois a fizestes linda, tosca em pedra.”
“A herança cultural da vossa raça
Ainda hoje na Almofala traça
Vestígios do folclore verdadeiro,
E nós pesquisadores lá corremos
E sempre moradia por lá temos
Daquele povo bom e hospitaleiro.”
Silva Novo
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